O (des)respeito às leis e a impunidade

Neste sábado, dia 27 de abril, fui ao show da Maria Bethânia no Teatro Guaíra, aqui em Curitiba.

O show foi excelente. Uma produção muito bem feita e o show com as luzes e lâmpadas é um espetáculo à parte.

Mas, apesar do aviso inicial que é proibido filmar o espetáculo -- sem a informação do motivo, apenas citando o número da lei -- muitas pessoas filmaram parte ou todo o espetáculo.

Desrespeitar uma lei é cometer um crime. Infelizmente, apesar de reclamarem de criminosos, bandidos, etc. as pessoas estão culturalmente acostumadas a não serem punidas.

Há algumas semanas atrás, estava caminhando com colegas na volta ao trabalho após o almoço. Paramos numa movimentada rua enquanto os carros passavam e, quando eles pararam de passar continuamos parados enquanto a população começava a atravessar a rua. O semáforo para pedestres continuava vermelho. As pessoas que atravessavam a rua não estavam com pressa ou atrasadas para algum compromisso pois logo em seguida andavam devagar, paravam para ver vitrines, etc. É simplesmente parte de uma cultura onde apesar de haver uma sinalização de que algo não é permitido, algo não é seguro, você pode ignorar isto que não será punido. Ou pior… Se um destes pedestres que desrespeitou a sinalização e colocou-se voluntariamente em perigo for atropelado, a culpa será do motorista.

Ou os ciclistas, em pleno calçadão da rua XV de Novembro, lotada de pedestres, pedalando e quase trombando com todos, apesar das placas que dizem que devem andar desmontados…  Os mesmos que dizem que os carros não respeitam as leis, não respeitam a sinalização, que são mais frágeis no trânsito. Mas, que se esquecem dos pedestres, que são ainda mais frágeis, que se esquecem de respeitar as placas de sinalização, que se esquecem de usar os equipamentos de segurança, que se esquecem de sinalizar mudanças de direção e ajudar os motoristas a protegê-los.

Ou ainda as pessoas que atravessam as rodovias pelas pistas ao invés de andar alguns metros para chegar a uma passarela. Alguns chegam até mesmo a atravessar pela pista debaixo da passarela.  Outros vandalizam cercas colocadas no canteiro central para a segurança deles: tais cercas impedem que cruzem no lugar que não deveriam, imagine o absurdo de ter que andar até a próxima passarela…

Há diversos outros pequenos exemplos mas em todos estes casos não é raro ver alguma autoridade policial passar com suas viaturas ou em patrulha à pé presenciando esta infração.  O que fazem?  Como todas as demais pessoas, omitem-se.

Se o papel destas autoridades é fazer cumprir as leis, orientar, fazer o bem para a população, deveriam também aplicar as penas previstas ou, no mínimo, chamar a atenção das pessoas que cometem este tipo de infração.  Muitos ficariam envergonhados e não repetiriam mais o feito. Além disso incentivar a população a chamar a atenção das pessoas que cometem pequenas infrações.

Mas, não é de todo uma culpa da polícia. É uma culpa de nossa cultura. Na semana passada li um artigo explicando sobre isso… E novamente, fiquei triste por ter comprovado algo que parecia ser apenas intuição e que eu torcia para estar errado.

Como mudar essa cultura? Apenas pela educação e pelo exemplo.

Pare no semáforo vermelho para pedestres. Desmonte da sua bicicleta quando uma placa pedir para você fazê-lo. Use as passarelas para cruzar rodovias. Respeite os limites de velocidade.  E se você for um comandante, delegado, ou outra autoridade, solicite aos homens do seu pelotão, tropa, corporação que dêem o exemplo explicando ao infrator o que ele está fazendo errado. Ajude a educar e a mostrar aos policiais que não é certo ignorar algo errado apenas porquê é algo pequeno.

Você vai errar?  Com certeza!  Não estamos imunes à cultura que existe no país.  Mas precisamos reconhecer o erro e nos esforçar para fazer o certo.

Ah!  E sobre o show, ninguém foi punido… Mais uma vez…