“Manda ele abrir”

“Manda ele abrir”, foi o que disse o jovem após gritar “Ou!” e não ser ouvido pelo motorista.

Sim, eu ainda estava no mesmo ônibus do artigo anterior. E sim, ainda havia parte do grupo inicial de estudantes dentro do ônibus.

O detalhe é que este deixou para começar a sair do ônibus — andando da frente do ônibus até a primeira porta — quando o motorista que já estava parado há algum tempo começou a andar, logo após um senhor de idade descer do ônibus.

Ele estava ocupado demais conversando com duas meninas para ter noção de que estava chegando no ponto dele, que o ônibus parou e que as portas estavam se fechando.

Mas, tudo isso é irrelevante. O que marcou foi apenas a frase “manda ele abrir!”, gritada para uma das meninas ao lado do motorista que simplesmente virou para o motorista e disse: “abre a porta”

Assim, sem contexto nenhum, sem nenhum “por favor”, sem nenhum “desculpe” ou mesmo um tradicional “senhor motorista”. Foi apenas “abre a porta”. Acho que como eu o motorista ficou meio sem entender e disse “mas o senhor já desceu”. Ao que, com a mesma educação e cortesia, a vem respondeu: “agora é outro”.

Para novamente o ônibus, que já tinha andado uns 5 metros, abre a porta e o jovem desce. A porta se fecha, e o ônibus parte.

Sentiram falta de mais alguma coisa? Eu senti. Não houve agradecimento à amiga e muito menos ao motorista. A menina simplesmente já tinha voltado a conversar com a outra e ambas davam risada de algo da conversa.

Todo o diálogo foi esse. Não foi um “peca”, foi “mande”. Não foi um “por favor, poderia abrir a porta de vovó para meu amigo?”, foi um “abre a porta”. Ao término de tudo nenhum sinal de um “obrigado”, nem mesmo um rápido “valeu”.

Para se mudar o dia de uma pessoa a coisa mais simples a se fazer é tratá-la com respeito. Ninguém é melhor que outra pessoa simplesmente por estar pagando a passagem ao invés de estar dirigindo o ônibus. Ou por estar caminhando ao invés de varrer a rua.

Respeito gera respeito. Educação gera educação. Ou será que este jovem, depois de formado, vai tratar os colegas de escritório diferente do que tratou as amigas? Vai tratar os funcionários diferente do que tratou o motorista?

Educação, ao meu ver, começa no lar e se estende para todo lugar.

Se ninguém faz, seja diferente e dê o exemplo. No começo você pode se estranhar, mas a sensação de fazer algo bom e o sorriso que as pessoas devolvem não têm preço.